MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Tio Arno Preis: Carta a meus leitores - Por Félix Maier

Tio Arno Preis: 

Carta a meus leitores

Por Félix Maier

Cartas-->Tio Arno Preis: Carta a meus leitores -- 15/10/2008 - 17:34 (Félix Maier)

https://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=25946&cat=Cartas&vinda=S

Arno Preis


Cara prima Teresinha,

Inicialmente, parabéns a você e a todos os professores do Brasil pelo seu dia, o Dia do Professor!

Obrigado pelo texto enviado sobre Tio Arno (http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=9666&cat=Ensaios). Gostaria de fazer alguns comentários. Como diria o esquartejador, vamos por partes:

O ensaio da professora de História da Universidade Estadual de Maringá, Elaine Pavani, é um tanto pesado, com 50% de introdução sobre a história relacionada a Antígona, de Sófocles, até, enfim, engrenar no tema em questão, que foi a morte de tio Arno. O paper de Pavani, além de ter uma pomposidade despropositada (talvez inspirado no texto de Maria Feranda de Aragão Ponzio - Cfr. "Referências bibliográficas"), apresenta pelo menos dois erros lamentáveis:

1) Não existe relação da morte de tio Arno com o relato de Antígona, porque Arno não ficou insepulto, com o corpo jogado aos abutres. Ele foi enterrado em local certo e sabido, como foi publicado pelos jornais, tanto de São Paulo, quanto do Rio de Janeiro.

2) Arno Preis não foi enterrado com nome falso, dando a entender que a ditadura fez isso de propósito, para dificultar a localização de seu corpo. Arno foi enterrado com o nome do documento que portava na ocasião, Patrick McBundy Comick, nome que foi falsificado por ele mesmo, para melhor executar seus atos terroristas e não ser pego pelas autoridades. Seu verdadeiro nome foi logo elucidado pelas autoridades, tanto isso é verdade que em seguida todo mundo já sabia de quem se tratava, como noticiaram os jornais.

A pergunta que fica é a seguinte: por que os familiares diretos de tio Arno não foram atrás do corpo logo após sua morte? Por que somente em 1993 seu corpo foi exumado e seus restos mortais levados para sua terra natal, Forquilhinha, SC? Medo das autoridades? Desinteresse? Para mim, isto ainda não foi esclarecido.

A Profª. Pavani achou estranho que militares envolvidos na morte de tio Arno tivessem sido promovidos, inclusive post mortem - caso do Sd Luzimar Machado de Oliveira, morto por tio Arno. Ora, isso é uma prática comum nas corporações militares, é previsto em lei e não há nada a estranhar. O que se deve repudiar é a promoção post mortem de Luiz Carlos Prestes e Carlos Lamarca a coronel, feitos recentemente, com provimentos de general-de-brigada para seus descendentes. Isto foi um ato ilegal, como são muitos os atos do governo dos petralhas. Ambos os militares, Prestes e Lamarca, desertaram do Exército, portanto, abandonaram a Força por sua própria vontade. Nunca houve nenhum tipo de perseguição para que deixassem a caserna para se bandear, um, a soldo de Moscou, outro, a soldo de Cuba. Se eles não fizeram a EsAO, como poderiam ter sido promovidos a oficial superior?

Quanto à abordagem do tema geral em si - "militantes políticos" x Forças Armadas - não se sabe onde termina a alienação da Profª. Pavani e onde começa o embuste. Qualquer idiota que tenha pelo menos dois neurônios sabe muito bem que o grupo terrorista ao qual pertenceu Arno Preis, comandando por Carlos Marighela, era um dos mais radicais e sanguinários que existiram no Brasil. Eles combateram, sim, a ditadura militar, de armas nas mãos, mas não para que a democracia retornasse. O que eles queriam era instalar no Brasil uma ditadura sanguinária, muito pior que a dos militares, que é a ditadura comunista de Cuba, que ocasionou mais de 130 mil mortos, entre os fuzilados e os que foram comidos pelos tubarões do Caribe, quando tentaram fugir do paraíso cubano cantado em verso e prosa por Frei Betto et caterva.

Nada Pavani diz sobre os atos praticados por tio Arno e seu grupo, como o assalto ao trem-pagador Santos-Jundiaí, em 1968, nem dos assaltos a bancos, supermercados e casas d'armas. Nada é dito dos inocentes covardemente executados pela gangue de Marighela, autor de O Minimanual do Guerrilheiro Urbano, que foi a bíblia de muitos grupos terroristas também no esterior, como as Brigadas Vermelhas, da Itália, e o Baader-Meinhof, da Alemanha. Como se vê, vivemos negros tempos do embuste, onde a verdade não tem vez, porque "é um conceito pequeno-burguês", como já dizia Lênin.

No Brasil de hoje, fazer uma análise objetiva de qualquer fato político é sempre uma temeridade, principalmente se for a respeito do "regime militar" pós-64. Ou você comunga com as mentiras sistemáticas das esquerdas, ou você é taxado de nazifascista. Não existe lógica, nem espaço para a argumentação. Só embuste. Já fui criticado por parentes por apenas dizer a verdade como ela é: os terroristas de esquerda das décadas de 1960 e 70 - aí incluído tio Arno - não eram os anjinhos que a Profª. Pavani apresenta idilicamente. Eram assassinos frios de uma ideologia que no século XX matou 110.000.000 de pessoas em todo o mundo, segundo O Livro Negro do Comunismo.

Não se pode negar a coragem de tio Arno em empunhar uma arma para "derrubar a ditadura". Ótimo tenor, que encantava seus amigos, ele sempre foi um sujeito muito valente, mas era temerário, pois não tinha medo de nada. Olavo de Carvalho me escreveu certa vez que tio Arno, em seus tempos de estudante, em São Paulo, chegou a enfrentar no tapa um militar armado. E não foi por problema político, mas por causa de um rabo de saia... Se tio Arno quisesse colocar no lugar da ditadura militar brasileira um governo do tipo dos sociais-democratas da Europa, como a Alemanha, ele teria todo meu respeito e apoio. Mas, ao empunhar a bandeira vermelha dos comunistas, ele se perdeu totalmente, e a História já provou que aquela ideologia não tinha como se sustentar, com o colapso da URSS. Hoje, nem a China quer ser comunista. Eles estão atrás de dinheiro, ou seja, do velho capitalismo. Só por aqui, nestas republiquetas bananeiras da América Latina é que tipos como Fidel, Lula, Chávez, Evo Cocales e Corrêa ainda fazem sucesso.

Não há como apoiar a atitude de tio Arno, de querer escravizar uma nação inteira sob o império da Peste Vermelha. Que você me diz sobre os números abaixo, da ditadura cubana, país onde tio Arno foi fazer seu curso de graduação terrorista?

Abraços,

Félix


***


E-mail recebido de Olavo de Carvalho, no dia 12/06/2003:

“Prezado Félix,

Que surpresa, saber que você é sobrinho do Arno! Ele foi meu amigo. Eu gostava muito dele e o admirava. Ele era um homem culto, inteligentíssimo e de uma valentia física notável. Uma vez desarmou e surrou um policial que havia disparado contra ele, bem na frente da Casa do Estudante, em São Paulo (nada de coisa política, foi questão de mulher). Não me parecia ter convicção marxista muito séria – seguia as ordens do Partidão para acompanhar os amigos. Tinha bom coração e era generoso. Cantava trechos de ópera e hinos sacros com uma bela voz de tenor, fazendo duetos impressionantes com João Leonardo da Silva Rocha, barítono. De vez em quando entrava em depressões, bebia e arrumava brigas, mas em geral era bem humorado e tranqüilo. Comigo, sempre foi exemplar. Ele foi uma verdadeira perda para a nossa geração.

Um abração do Olavo de Carvalho”


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13/10/2008 21:50

Post do Blog (Hugo Studart)

http://www.conteudo.com.br/studart/o-democrata-fidel-e-os-direitos-humanos/?searchterm=ditadura%20cubana

O democrata Fidel e os Direitos Humanos

Encontrei esses números do relatório da Câmara Ibero-Americana de Comércio/Stanford Research Institute, com dados sobre ações democráticas do kamarada Fidel entre de 1959 a 2004: foram 56.212 fuzilados no "paredón"; 1.163 assassinados extrajudicialmente; 1.081 presos politicos mortos no cárcere por maus-tratos, falta de assistência médica ou causas naturais; 77.824 mortos ou desaparecidos em tentativas de fuga pelo mar. Total: 136.288 cubanos mortos pela ditadura Castro. Em nossa ditadura militar, são 301 os mortos e desaparecidos.


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Leia, ainda, Tio Arno Preis

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

A melhor idade - Por Félix Maier

 


A Melhor Idade

Félix Maier

Dizem por aí que pertenço à melhor idade. É um modo diplomático de me chamar de velho. Eu discordo. Se essa é a melhor idade, imagino o que seria a pior — talvez aquela em que a gente paga a conta do plano de saúde e o ortopedista manda cartão de Natal.

Acordo todo dia com o corpo fazendo barulhos que não constam do manual de instruções. É um festival de estalos, rangidos e suspiros mecânicos. Parece que tenho orquestra dentro do joelho. Outro dia, ao me levantar da cama, o quadril soltou um tóim tão afinado que pensei em gravar um disco: Sinfonia para prótese em dó menor.

Mas não reclamo, não. Quer dizer, reclamo um pouco — que é o hobby oficial da terceira idade, especialmente por eu ser um viúvo.

Meu amigo Arlindo, por exemplo, diz que o melhor da velhice é o desconto no cinema. Só esqueceu que a gente cochila antes do trailer acabar.

— Eita, Válter, mas é bom cochilar com ar-condicionado e pipoca — ele me responde.

— É, Arlindo, o problema é acordar achando que a Scarlett Johansson é sua enfermeira.

Falando em enfermeira, o Hospital Militar de Área de Brasília virou shopping dos velhinhos. A melhor idade não é só decadência, é também descoberta. Como veterano militar, descobri, por exemplo, que lá é o novo point da terceira idade. Tem ar-condicionado, TV, Wi-Fi e café ruim de graça. O shopping dos velhinhos é sempre muito movimentado. Deve ser por isso que uma Guia de Encaminhamento, para atendimento externo, às vezes demora trinta e sete dias para ser aprovada...

No shopping dos velhinhos a gente se encontra, põe a conversa em dia e compara resultados de exame como quem compara gols do Brasileirão.

— O meu colesterol tá em 280 — diz o Arlindo, com orgulho de artilheiro.

— Ganhou de mim — respondo. — O meu só chega em 240, mas subi bem no ácido úrico.

Há também um clima de romance entre as macas e os labirintos do velho Hospital, de modo que é aconselhável ter o Waze à mão no celular para não se perder. O corredor da ortopedia parece salão de baile. Viúvas penteadas, viúvos perfumados, todo mundo fingindo que não sente dor — e sentindo.

Outro dia, enquanto esperava o cardiologista, uma senhora simpática me perguntou se eu acreditava em amor na terceira idade.

— Minha filha, nessa idade eu acredito até em milagre — respondi. — E se ele vier de minissaia, melhor ainda.

Ela riu, mostrou os dentes (os próprios, segundo garantiu), e me disse que se chamava Nair. Nome de anjo aposentado.

Só no fato de eu falar em minissaia, o leitor deve imaginar minha idade, quase centenária...

Saí dali meio tonto. O coração disparou. Achei que fosse paixão; era só a pressão. Mas é bom confundir as coisas — a emoção dá sentido ao remédio.

Assim como o reumatismo serve de guarda-chuva para todo e qualquer rangido de idoso, virose é o álibi elegante dos médicos quando a doença insiste em não dizer o próprio nome.

Certo dia, entrei no consultório mancando levemente, mas com alguma dignidade — como quem sabe que o inimigo é o tempo, não o menisco. O ortopedista, entusiasmado como um mecânico diante de um motor fazendo barulho novo, esfregou as mãos e anunciou:

— Vamos resolver isso, meu amigo! Quinze minutos e você sai daqui com o joelho novinho em folha.

Quinze minutos. Era o que ele dizia, com aquele sorriso de quem promete o paraíso antes que o anestésico faça efeito. Resolvi testar o entusiasmo científico:

— E como é que fica o joelho depois, doutor?

Ele me olhou com a serenidade de quem recita um provérbio médico e respondeu, com a maior naturalidade do mundo:

— Olha... tem o joelho bom, o joelho ruim e o joelho operado.

A frase veio tão tranquila que quase acreditei que joelho operado fosse uma categoria nobre da anatomia humana, tipo reserva de luxo. Saí do consultório refletindo: se o joelho operado não era nem bom nem ruim, devia estar num limbo ortopédico — um purgatório de cartilagens e ligas de titânio.

Desde então, faz mais de dez anos que me conformei em não poder mais jogar futebol society com o joelho ruim — ele range, protesta, mas pelo menos é meu. E, também, porque um colega que resolveu melhorar a coluna com o mesmo médico hoje anda como se tivesse engolido um cabo de vassoura: elegante, ereto e permanentemente em posição de sentido. Melhor deixar o menisco quieto e o futebol nas lembranças, porque, afinal, pior que um joelho ruim é um bom arrependimento operado.

Depois do hospital, outro ponto de encontro é o baile da terceira idade, organizado num hotel da cidade. Ali o tempo para, ou pelo menos tropeça. Chego com minha bengala cromada — herança de tio Ubaldo, que dançava maxixe até depois do velório da esposa — e vou direto para o bar, tomar um suquinho de laranja com intenção.

O DJ, um rapaz de uns sessenta, toca Nelson Gonçalves, depois mete um bolero de Altemar Dutra, e aí é que o bicho pega.

— Me concede esta dança? — pergunto à Nair, que já estava ali, toda de lilás.

— Depende. É pra dançar ou pra cair junto, Válter?

— Os dois, se possível — digo, sorrindo.

E dançamos. Devagar, como quem negocia com o destino. A cada giro, meu menisco pede socorro, mas o coração agradece.

Terminamos a dança com dignidade, o que significa que ninguém caiu. Um feito. O pessoal até aplaudiu — mas talvez porque a música acabou e eles podiam finalmente se sentar. Nair me deu um beijo no rosto, bem ali, no meio do salão, com dentadura e tudo. Foi o beijo mais sincero dos últimos vinte anos: sem pressa, sem filtro solar, sem medo do amanhã.

Depois disso, confesso que passei a esperar o baile do mês seguinte com o mesmo entusiasmo de um adolescente esperando o recreio. A diferença é que agora o recreio vem com diurético.

Falando em diurético, é impossível ser velho e falar de amor sem falar de mijo. Não é assunto bonito, mas é democrático. O jato, outrora altivo e certeiro, virou um sprinkler anarquista. Molha o chão, o pé, e às vezes até o cachorro, se ele for curioso o bastante.

Outro dia, Nair me perguntou:

— Válter, você ainda se sente homem, assim, no... digamos, sentido completo da palavra?

Respirei fundo. Pensei em mentir, mas a velhice tem esse dom: a sinceridade cansada.

— Sinto, sim. Mas agora o sentido completo vem com manual de instruções, pilha reserva do marca-passo e bula do azulzinho.

Ela riu de modo brejeiro e insinuante, e respondeu:

— Melhor assim. Homem sincero é afrodisíaco depois dos setenta.

Foi a primeira vez na vida que uma mulher me chamou de afrodisíaco. Anotei mentalmente, pra contar pro Arlindo e deixá-lo com inveja.

Mas é curioso: à medida que o corpo desaba, o amor se simplifica. Já não é sobre músculos, mas sobre memória. Não é sobre fogo, mas sobre calor humano.

Nair e eu não fazemos planos; fazemos chá de erva cidreira. Nosso erotismo é mais infusão do que combustão. E há beleza nisso. Um tipo de ternura que só quem teve pressa demais consegue apreciar depois, quando o tempo obriga a andar devagar.

Claro que a velhice tem seus lados cruéis. O espelho, por exemplo, é um canalha. Outro dia, acordei de bom humor, olhei no vidro do banheiro e levei um susto. Achei que meu avô tinha voltado pra me visitar.

E os remédios… ah, os remédios! Tenho tantos comprimidos coloridos que minha mesinha parece a banca de um camelô. Azul pra animar, branco pra dormir, vermelho pra acalmar o coração, verde pro estresse e o estômago, amarelo pra lembrar que ainda estou vivo.

E a próstata, a infame. Já virou personagem da minha vida: eu acordo e converso com ela.

— Vamos segurar firme o mijo hoje, hein?

Ela responde com silêncio e vingança.

Outro dia, enquanto esperava o urologista, o Arlindo me cutuca:

— Sabe o que é pior do que exame de toque?

— O quê?

— Ter saudade dele.

 Não diga! Vai ver que você é aquele gaúcho da estória, que estava levando uma dedada, o médico perguntou, o que você está sentindo? e o machão disse sinto que te amo!...

Rimos tanto que a enfermeira veio ver se estávamos passando mal.

Às vezes penso que a velhice é uma pegadinha de Deus. Ele deixa o desejo vivo, mas manda o corpo para aposentadoria. É um tipo de ironia cósmica: o motor ainda ronca, mas o câmbio emperra. Mesmo assim, eu continuo muito grato. Prefiro ranger que parar de vez.

A Nair diz que eu sou um velho boca-suja com alma de menino.
Pode ser. Mas menino que paga imposto, toma ômega-3 e precisa de lupa pra ler bula de Viagra.

Outro dia fomos à missa dos idosos. O padre, jovenzinho, falou com ternura:

— Meus irmãos, na melhor idade o corpo enfraquece, mas o espírito se fortalece.

E a Nair cochichou:

— O meu espírito até tenta, mas o ciático não deixa.

Tive que segurar o riso para não cometer heresia.

No fim das contas, é isso: a melhor idade é um estado de espírito com artrite. A gente aprende a rir da própria biografia, e a escolher o que lembrar. A saudade fica mais leve, o perdão fica mais fácil, e o amor… o amor vira um hábito gostoso, como café sem açúcar.

Às vezes, quando a Nair adormece no sofá, eu fico olhando pra ela e penso: Meu Deus, como é que esse corpo que já não corre mais ainda dá conta de tanto carinho?

Então me vem uma vontade danada de agradecer — não pela saúde, nem pela juventude perdida, mas pelo simples fato de ainda ter alguém pra implicar, pra segurar a mão, pra chamar de meu amor mesmo depois que o romance virou receita de remédio.

A verdade, meu caro, é que envelhecer é um ato de coragem com senso de humor. A gente vai rindo pra não cair. E se cair, que seja dançando.

Porque, no fim das contas, a melhor idade é sempre a próxima, desde que ainda dê para rir, mesmo que falte dente, e pra apertar a mão de alguém sem precisar de apoio.

— A gente tá velho, mas tá vivo. E no balanço da vida, isso já é lucro.