Soneto da Nuvem Togada
Félix Maier
Na cúpula Suprema, entre togas e fumaça,
Decide o velho Olimpo da moral:
“Quarenta gramas? Vai, passa de graça…
Crime só é com quilo industrial!”
Levitam togadinhos, serenos, perdidos,
No aroma doce da flor do perdão.
"Trinta e nove? É paz! Quarenta e um? Perigos!"
E a balança da lei vira adivinhação.
O motoboy, com bag da erva sagrada,
Alega: "Entreguei, mas nem pesei!"
E o juiz: "Se foi leve, não deu nada..."
E o povo assiste, meio sem lei nem rei:
“Se o estuprador diz ‘foi só a cabecinha’...
Será que o Supremo crê também nessa linha?”
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