MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964
Avião que passou no dia 31 de março de 2014 pela orla carioca, com a seguinte mensagem: "PARABÉNS MILITARES: 31/MARÇO/64. GRAÇAS A VOCÊS, O BRASIL NÃO É CUBA." Clique na imagem para abrir MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964.

quarta-feira, 15 de março de 2023

Por que o Silicon Valley Bank faliu, e o que isso representa para o mercado - Por LEANDRO RUSCHEL


Por que o Silicon Valley Bank faliu, e o que isso representa para o mercado

LEANDRO RUSCHEL
MAR 11

Na sexta-feira (10), foi anunciada pelas autoridades reguladoras da Califórnia o fechamento do Silicon Valley Bank e a intervenção do FDIC, que passou a controlá-lo.

O Federal Deposit Insurance Corp. opera de forma análoga ao FGC brasileiro, ou seja, é uma entidade que garante até US$ 250 mil por conta mantida em bancos americanos. Antes de falir, o SVB era o 16º maior banco americano , com US$ 209 bilhões em ativos.

Como o nome sugere, o banco atuava na região do Vale do Silício, sendo a principal instituição que oferecia linhas de crédito às startups, além de serviços bancários para essas empresas, seus sócios e colaboradores.

O banco também atuava em fusões e aquisições. A sua história acaba se confundindo com as profundas intervenções observadas nos últimos anos, especialmente durante a pandemia, quando bilhões de dólares fluíram para empresas de tecnologia, num cenário de juros baixíssimos e de digitalização acelerada, por conta dos lockdowns. Ao final de 2019, o banco tinha US$ 70 bi em ativos, crescendo para US$ 115 bi em 2020, e alcançando US$ 212 bi em 2021.

Ao longo desse período, o banco alocou suas reservas em títulos do tesouro americano. Tais papéis pagavam taxas ao redor de 1,5%. Hoje, pagam mais de 5%. Ou seja, o preço dos títulos diminui ao longo do tempo, refletindo a reversão da política monetária.

Ao mesmo tempo, houve um forte refluxo de investimentos no Vale, com menos dinheiro disponível para investir em empresas de tecnologia a valuations esticados, fazendo com que as empresas tivessem que usar suas reservas, em boa parte depositadas no banco, para as obrigações do dia a dia.

Com isso, o banco foi exprimido dos dois lados: mais saques e diminuição do valor de mercados dos títulos que lastreavam a sua operação. Ao revelar que havia vendido US$ 20 bi em títulos, com um prejuízo de US$ 2 bi, ficou claro que o banco estava em apuros, criando a famosa corrida bancária, ou seja, seus depositantes buscaram tirar o dinheiro do banco o mais rápido possível.

O banco ainda tentou levantar capital, vendendo ações, mas era tarde demais. Em 48hs, as ações do banco caíram de US$ 265 para US$ 40, no pre-market de sexta, quando as negociações foram suspensas antes do anúncio da liquidação. O FDIC avisou que os valores até US$ 250 mil por cliente estarão disponíveis na segunda-feira. Só que dados do próprio banco mostram que US$ 190 bi em depósitos estão em contas com mais de US$ 250 mil. Ou seja, empresas que trabalham com o banco podem deixar de operar por falta de capital.

Agora, outros bancos com características parecidas estão em apuros, como o First Republic Bank, voltado para indivíduos com alta renda. As ações do banco já perderam 30% nos últimos dois dias. Todo o setor de pequenos bancos está sob stress, enquanto os bancões parecem estar fora de risco.

Wall Street se pergunta quais são outros setores que devem ser impactados por um ambiente de juros incrivelmente altos para os padrões das últimas duas décadas. Os olhos se voltam para o mercado imobiliário, em especial o de imóveis comerciais. Já há defaults bilionários anunciados.

Conforme os contratos vão vencendo, e precisam ser renegociados a taxas muito maiores, mais defaults devem acontecer nos próximos meses. Na sexta, as taxas de juros de 10 anos caíram forte, com a busca pela segurança dos títulos emitidos pelo tesouro, e a expectativa de possível entrada em recessão da economia americana, o que poderia fazer o FED pausar o aperto monetário.

O Vale do Silício foi muito beneficiado por anos de política monetária hiper-expansionista, e o derivado "dinheiro de graça" para novas empresas. Parece que a conta chegou, e isso impactará todo o mundo, incluindo o Brasil, pois parece que a festa acabou.

Assista meus comentários a respeito:

https://www.youtube.com/watch?v=_OZggEDxw-g

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