Ministério
da Flatulência
Félix
Maier
O presidente Michel Temer deu
uma entrevista exclusiva ao Sensacionalista de que pretende criar mais um
ministério, caso seja reeleito. Trata-se do Ministério da Flatulência. Apertem
o nariz!
Faz sentido. Com a
população envelhecendo rapidamente no Brasil, nada mais certo do que captar as
flatulências dos velhinhos, de modo que seja aumentado o estoque de vento malcheiroso
- o pum -, mas de grande utilidade energética. E a gente que ria do discurso feito por Dilma
Rousseff na ONU, que vergonha...
De acordo com um paper publicado em afamadas revistas
científicas sobre a Química do Peido, “o fedor do peido tem origem na presença de gás sulfídrico (H2S),
metanotiol (H3C-S-H), dimetil sulfeto (H3C-S-CH3) e mercaptanas na
mistura. Estes compostos contêm enxofre em sua composição. A proporção dos
compostos fedorentos representa algo como 1% do total.”
Para implantar a nova
fonte energética, será realizada licitação nacional, para escolha da firma que
obtiver a melhor solução pumista, dentro do princípio de melhor custo-benefício
aos consumidores. Nada de estatal de pum público, como a PumBrás, já que o pum
é, antes de tudo, um produto privado. Por isso, serão bem-vindas as empresas
campeãs nacionais da Lava Jato, como a Odebrecht, JBS, OAS, EBX, Camargo
Correa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e demais clientes do STF e do juiz
Sergio Moro.
Feita a licitação, serão
criados centros de estoque de vento nos principais parques e praças das
cidades, de modo que os portadores da melhor idade da artrose e outros ganhos escleróticos
possam canalizar os gases noturnos/matutinos antes de bailarem naqueles
aparelhos de metal instalados nas praças e parques. Claro, serão construídas
cabines individuais, para a coleta do vento malcheiroso. Ninguém iria querer
ver as bundas caídas dos velhinhos nas praças, exceto a arte Queer, que
gostaria de levar algumas bundas para um museu, de modo que fossem apalpadas
por crianças.
As centrais de estoque de
vento malcheiroso terão medidores, em g ou kg, da quantidade de gás emitida e
estocada pelo dono da flatulência. Ao mesmo tempo, após a descarga final de
vento, o medidor emitirá um tim-tim, alertando no painel quanto de dinheiro o
dono da flatulência emitida terá transferido para sua conta-corrente. É óbvio
que o vazador de vento malcheiroso deverá fazer primeiro o cadastro junto ao
site do Ministério da Flatulência, de modo a fazer jus ao dinheiro recebido.
Serão acrescentadas
moléculas de cebola, couve-flor e ovos, de modo que o gás de pum fique ainda
mais fedido, de modo que seja facilmente identificado durante o uso, assim como
é acrescentado o Mercaptan (à base de enxofre) ao gás liquefeito
de petróleo (GLP), para evitar acidentes, já que o GLP é inodoro. Afinal,
existe pum que não fede. Como identificar, assim, um vazamento na cozinha?
Haverá também coletores
individuais de gás pum, que podem ser guardados nos banheiros das casas.
Segurar um pum no elevador é fácil, mas guardá-lo a noite inteira é impossível.
Depois é só levar a coleta gasosa para um centro de estoque de vento, onde será
pesado e vendido.
Não são apenas os velhinhos
(em bom Português, não é preciso dizer que aí estão incluídas também as
velhinhas) que estão sujeitos à flatulência. Muitos jovens, especialmente os
balofos, são fábricas possantes de vento malcheiroso e também podem contribuir com
o aumento do estoque desse combustível gasoso.
Caminhões-tanque
recolherão o vento malcheiroso dos centros de estoque de flatulência, levando para
firmas credenciadas, que farão a distribuição do gás de trás aos consumidores,
seja em botijões, seja em sistemas de canalização do condomínio ou da cidade.
Os ambientalistas –
especialmente os vegetarianos comedores de capim – já demonizaram a “vaca que
emite pum”, afirmando que o gás metano desses animais é mais nocivo do que o gás
carbônico emitido pelos carros, no agravamento do efeito estufa. Antes que o
rebanho bovino, caprino, asinino, ovino e demais bichos fazedores de pum menos
famosos sejam exterminados, eu sugiro que as fazendas também tirem o pum das
vacas, ao mesmo tempo em que tiram o leite.
O agronegócio está em
alvoroço. Muitas empresas investirão firme na produção de batata doce, chucrute,
ervilha e pinhão, de modo a aumentar ainda mais a explosão da flatulência.
Por fim, haverá uma luta
renhida pela disputa dos direitos autorais da máquina de coletar pum. O Sensacionalista
afirma que esse direito deve ser dado a Dilma Rousseff, no que eu concordo
plenamente. Sem aquele discurso na ONU, o Brasil não seria pioneiro no setor,
com possibilidade de ganhar milhões de dólares em royalties nacionais e
internacionais.
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